quinta-feira, 9 de agosto de 2012


A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua natural e possui sua cultura, contexto e didática. Não são gestos, mímicas como muitos pensam. Ela apresenta estruturas gramaticais complexas.

Segundo o professor da Universidade de São Paulo (USP), Fernando Capovilla, a língua de sinais é uma unidade que se refere a uma modalidade linguística quiroariculatória-visual e não oroarticulatória-auditiva. Isso quer dizer que o surdo utiliza-se das mãos e olhos e não pela oralização (boca) e ouvidos.
Libras é a arte da comunicação. De acordo com o artigo 205 da Constituição Federal sobre Educação: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, para seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Então todos devem promovê-la. Se o dia 01 de maio comemorou-se o Dia Internacional do Trabalho, teríamos um dia para promover e comemorar esse aprendizado e conhecimento da Libras? É certo que são todos os dias porque a vida é um processo. É o que faz a mestre em Educação, especialista em Educação Especial e em Formação de Professores para Educação de Pessoas Surdas, Edna Misseno Pires.

Além de professora, ela tem sua formação em Fonoaudiologia e revela que começou a dar aulas de Libras no ano de 2001. “Quando eu era criança tive uma amiga surda, mas ela não sabia sinais. E aos 16 anos conheci a Libras. Senti vontade de aprender e comecei a fazer um trabalho voluntário com pessoas surdas e aprendi pelo convívio”, explica a professora.
Com esse serviço voluntário, Edna mostrou interesse em ajudar os surdos e inclusive voltou para a cidade de Bonfinópolis, 35 km de Goiânia onde morava a amiga e juntamente com sua irmã ensinou Libras para ela. “Resolvi fazer especialização em Educação Especial porque achei interessante conhecer outras deficiências. Recebi na minha formação de Fonoaudiologia informações sobre várias deficiências, porém, tais informações referem-se ao campo clínico e a especialização me deu base pedagógica”, conta Edna.
Em entrevista ao Sete Olhares, Edna disse acreditar na educação inclusiva, porém ainda existem muitas dificuldades pelo caminho. “Com os surdos trabalho de forma voluntária e dei aula para alunos surdos mas a maioria das vezes, dou aula para pessoas ouvintes.” Em referência à Lei Nº 10.436 de 24 de abril de 2002 sobre a Língua Brasileira de Sinais e que completou 10 anos, ela diz no artigo 4º que “O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.”
A professora Edna acredita que essa acessibilidade das pessoas surdas deve acontecer em toda a sociedade porque os surdos são cidadãos que pagam seus impostos e tem direitos iguais seja na educação, saúde e em outros aspectos. Não só visando essa legislação onde a disciplina é obrigatória apenas na formação de professores e fonoaudiólogos.
Outra pessoa que teve essa disciplina na faculdade em 2009 foi a estudante de psicologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Jennifer Soares de Menezes Dias. “Sempre tive interesse pela Libras, especialmente quando eu estava dentro do ônibus ou andando pela rua e via os surdos se comunicando. A disciplina de Libras é obrigatória para os cursos de licenciatura. Essa foi então a minha primeira oportunidade de conhecer e aprender a Língua Brasileira de Sinais,” revela a estudante.
Jennifer depois desse aprendizado passou por um curso básico de Libras e atualmente faz outro curso na Associação dos Surdos de Goiânia (ASG). Além disso, está desenvolvendo seu trabalho de conclusão de curso (TCC) sobre a atuação da psicologia com as pessoas surdas.
“A Língua de Sinais apresenta uma modalidade visual-espacial diferente da modalidade oral-auditiva da Língua Portuguesa. Tem seu aspecto morfológico, sintático, semântico e fonológico. Tem muita gente que pensa que a Libras é uma simples gestualização do Português, o que não é verdade. Exemplo disso seria a frase: “Eu não gosto de alho e cebola, mas amo pimenta.” Em Libras seria: “Alho, cebola não gostar, mas pimenta, eu amar.”, explica ela.

Sobre as dificuldades tanto a professora quanto a estudante acreditam que elas estão em aprender e ensinar que isso são fatores visíveis, mas com a prática vai ficando mais fácil. “Além de aprender os sinais correspondentes em Libras é necessário aprender a diferente estrutura das frases e essa foi uma dificuldade que encontrei,” diz Jennifer.
 Aula do curso de Libras.
Estou adorando o curso de LIBRAS ...Na foto , eu e minha professora ...
FONTE : REVISTA ESCOLA

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